On 00:59 by Raphael Oliveira in , ,    No comments



Quem, senão Deus, criou obra tamanha,
O espaço e o tempo, as amplidões e as eras,
Onde sem agitam turbilhões de esferas,
Que a luz, a excelsa luz, aquece e banha?
Quem, senão Ele, fez a esfinge estranha
No segredo inviolável das moneras,
No coração dos homens e das feras,
No coração do mar e da montanha?!
Deus!...somente o Eterno, o Impenetrável,
Poderia criar o imensurável
E o Universo infinito criaria!....
Suprema paz, intérmina piedade,
E que habita na eterna claridade
Das torrentes da Luz e da Harmonia!

Antero de Quintal
(Parnaso de Além Túmulo )

            A inferioridade das faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, à medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz ideia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme à sã razão.
            Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos ideia completa de seus atributos?
            A este questionamento de Allan Kardec, responderam os Espíritos Superiores: “Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideias e sensações, não tem meios de exprimir.A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.
            Deus é a suprema e soberana inteligência. É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe.
“(402) Pobres homens, que pouco conheceis dos mais simples fenômenos da vida! Julgai-vos sábios e, entretanto, vos embaraçais com as coisas mais simples.
A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até o infinito.
            Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus. Se lhe supuséssemos um começo ou um fim, poderíamos conceber uma entidade existente antes dele e capaz de lhe sobreviver, e assim por diante ao infinito.
      Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
          Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo que chamamos de matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria. Deus carece de forma apreciável pelos nossos sentidos, sem o que seria matéria. Dizemos: a Mão de Deus, os olhos de Deus, a boca de Deus, porque o homem nada mais conhecendo além de si esmo, toma a si próprio por termos de comparação para tudo o que não compreende. São ridículas essas imagens em que Deus é representado pela figura de um ancião de longas barbas envolto num manto. Tem o inconveniente de rebaixar o Ente supremo até às mesquinhas proporções da humanidade. Daí emprestam-lhe as paixões humanas e a fazerem-no um Deus colérico e cioso, não vai mais que um passo.
            Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.
            Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça e nem da sua bondade.O fato de infinita uma qualidade, exclui a possibilidade de um qualidade contraria, porque esta a apoucaria ou anularia. Um ser infinitamente bom não poderia conter a mais insignificante parcela de malignidade, nem um ser infinitamente mau poderia conter a mais insignificante parcela de bondade, do mesmo modo que um objeto não pode ser de um negro absoluto com a mais ligeira nuança de branco, nem um branco absoluto com a mais pequenina mancha preta. Deus pois, não poderia ser simultaneamente bom e mau, porque então, não possuindo qualquer dessas duas qualidades no grau supremo, não seria Deus; todas as coisas estariam sujeitas ao seu capricho e para nenhuma haveria estabilidade. Não poderia ele, por conseguinte, deixar de ser ou infinitamente bom ou infinitamente mau. Ora, como suas obras dão testemunho da sua sabedoria, da sua bondade e da sua solicitude, concuir-se-á que, não podendo ser ao mesmo tempo bom e mau sem deixar de ser Deus, ele necessariamente tem de ser infinitamente bom. A soberana bondade implica a soberana justiça, porquanto, se ele procedesse injustamente ou com parcialidade numa só circunstancia que fosse, ou com relação a uma só de suas criaturas, já não seria soberanamente justo e consequentemente já não seria soberanamente bom.
            Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa ultrapassá-lo, faz-se mister que ele seja infinito em tudo. Sendo infinitos, os atributos de Deus não são suscetíveis nem de aumento, nem de diminuição, visto que, do contrario, não seriam infinitos e Deus não seria perfeito. Se lhe tirassem a qualquer dos atributos a mais mínima parcela, já não haveria Deus, pois que poderia existir um ser mais perfeito.
            Deus é único. A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições. Não poderia existir outro Deus, salvo sob a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas, visto que, se houvesse entre eles a mais ligeira diferença, um seria inferior ao outro, subordinado ao poder desse outro e, então, não seria Deus. Se houvesse entre ambos igualdade absoluta, isso equivaleria a existir de toda eternidade, um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder. Confundidos assim, quanto à identidade, não haveria, em realidade, mais que um único Deus. Se cada um tivesse atribuições especiais, um não faria o que o outro fizesse; mas, então, não existiria igualdade perfeita entre eles, pois que nenhum possuiria autoridade soberana.
            A mais elevada concepção de Deus que podemos abrigar no Santuário do Espírito é aquela que Jesus nos apresentou, em no-lo revelando Pai amoroso e justo, à espera dos nossos testemunhos de compreensão e de amor.
            Jesus não se sentou na praça publica para explicar a natureza de Deus e, sim, chamou-lhe simplesmente de Nosso Pai, indicando os deveres de amor e reverencia com que nos cabe contribuir na extensão e no aperfeiçoamento da Obra divina.
            Por este ensinamento, o Cristo nos esclarece que todos somos irmãos, filhos de um pai só, que nos aguarda sempre, de braços abertos, para a suprema felicidade no eterno bem!...
            O Mestre queria dizer-nos que Deus, acima de tudo é nosso Pai. Criador dos homens, das estrelas e das flores. Senhor dos céus e da Terra. Para Ele, todos somos filhos abençoados. Com essa afirmativa, Jesus igualmente nos explicou que somos no mundo uma só família e que, por isso, todos somos irmãos, com o dever de ajudar-nos uns aos outros... Na condição de aprendizes do nosso Divino Mestre, devemos seguir-lhe o exemplo. Se sentirmos Deus como Nosso Pai, reconheceremos que os nossos irmãos se encontram em toda a parte e estaremos dispostos a ajudá-los, a fim de sermos ajudados, mais cedo ou mais tarde. A vida só será realmente bela e gloriosa na Terra, quando pudermos aceitar por nossa grande família a Humanidade inteira.
            Em resumo, Deus não pode ser Deus, senão sob a condição de que nenhum outro o ultrapasse, porquanto o ser que o excedesse no que quer que fosse, ainda que apenas na grossura de um cabelo, é que seria o verdadeiro Deus. Para que tal não se dê, indispensável se torna que ele seja infinito em tudo. É assim que, comprovada pelas suas obras a existência de Deus, por simples dedução lógica se chega a determinar os atributos que o caracterizam.
            Deus é pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições e não pode ser diverso disso.

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