On 05:15 by Raphael Oliveira in , ,    No comments



O propósito das religiões pode ser encarado de diversas mas: unirem-nos ao criador, seguir o mestre, obter o paraíso a salvação, por fim, são modelos de conduta aos quais nos apegamos de acordo com nossa consciência, sempre visando a uma recompensa. 

Em hipótese alguma há religião melhor que outra; o maior entre todos os homens não professou nenhuma religião, nem criou dogmas, nem criou instituições destinadas a pregarem uma religião. Adotou um sistema ético e infelizmente desvirtuado por muitos de acordo com os interesses, sejam eles quais forem, tendo simplesmente pedido a seus seguidores para que ensinassem por onde passassem. 

Em tese, o papel das religiões seria o de nos abeirar do próximo, contudo, somente o conjunto de normas éticas adotadas pelo Cristo e denominadas amor é o que realmente pode nos ligar uns aos outros. Outros meios utilizados para essa união humanitária têm se mostrado pouco eficaz.

Os preceitos, quando desvirtuados, nos levam a um caminho de sofrimento e de ilusões, porque assumimos como verdade e agimos conforme nossa crença, mesmo sendo esta contrária às leis de Deus, e passamos adiante aquilo que aprendemos, perpetuando o erro por longo período de tempo. O fanatismo e o excesso de zelo pela pureza doutrinária são duas facetas que filtrarão a verdade com um vidro escuro, trazendo penumbra em vez de luz. Ambas decorrem de apego à forma, o qual leva a disputas e não ajuda nem colabora para a construção da fraternidade por provocar a intolerância. Deus é como o sol, ilumina em todas as direções, e ninguém tem a capacidade de esconder o sol de todos. Não se impede que ele brilhe ao lado do seu escudo protetor para todos aqueles que buscam a luz.

Em todos os lugares Deus coloca seus mensageiros para divulgar mensagens boas e esclarecimentos, os quais chegarão mais ou menos puros conforme o preparo do mensageiro.

Disse Jesus: “Amai o vosso próximo como ama a vós mesmos e a Deus sobre todas as coisas”. Essa mensagem também pode ser lida como: “Fazer ao próximo o que gostaria que fizessem com você”, presente em praticamente todas as boas religiões e seitas. Nossos dogmas muitas vezes nos impedem de praticar a lei do amor por sermos seres viciados e viciosos em nossos comportamentos.

Escravos que somos de nossos pensamentos e atitudes condicionadas, sofremos simplesmente por ilusões. Se nos submetermos a tais comportamentos sem considerar se aquilo condiz com a lei do amor (embora nossa consciência nos alerte de que está errado), estaremos nos submetendo aos legisladores de tais regras. É melhor errar pela própria consciência do que errar pela consciência de outrem, como disse Buda. Porque é melhor pensar por nós mesmos, tomando a responsabilidade dos próprios atos, do que imputar aos outros o dever que nos compete, culpando-os por nossos eventuais fracassos. A consciência das nossas atitudes abre-nos o caminho para a libertação do sofrimento. Na reflexão da dor veremos que a causa está no desconhecimento de si, por isso agimos como uma bola que quica de parede em parede, sem rumo, tentando encontrar a porta.

O condicionamento são formas criadas pela vontade, portanto,  são impermanentes, já que nossa própria vontade está em constante mutação. Não se apegar aos sistemas, nem às falsas moralidades. Aquele que vê isso com sabedoria percebe que tudo o que é condicionado é insatisfatório e por efeito acarreta sofrimento. 

Os sistemas criados, no caso os religiosos, são barcos para atravessarmos de uma margem à outra do rio, de um estado de consciência para outro. Alguns desses barcos podem estar furados, outros corroídos pelo tempo e outros bons. Apegar-se aos sistemas é atravessar o rio e continuar a carregar o barco nas costas, o que significa que a mensagem não foi completamente compreendida.

Se nos prendermos a tais preceitos sem a devida análise, viveremos presos a um conceito e estacionaremos. Para que isso não aconteça, necessitamos entender e nos descondicionar.

Viver descondicionado é adquirir consciência e agir, e não reagir, diante dos eventos. Ao não sermos reféns de nossas criações mentais, escolheremos com consciência nossas ações.

Devemos ter por entendimento que a Verdade é imutável porque é perfeita, criada por Deus, que é perfeito. Logo, a Verdade não se modifica porque não tem necessidade de se aperfeiçoar ou melhorar. Então, o que muda é nossa compreensão a respeito dela.

Encontramos na nossa vida situações em que nossas crenças são colocadas em xeque. Quando elas se mostram falsas, podem nos levar a uma série de conflitos: perda da fé, revolta, depressão, tormentos. Podemos também, como defesa, manter a crença antiga, a fim de preservar a mente de tal choque. Ou então podemos simplesmente analisar que a crença antiga era infundada e a abandonamos sem maiores problemas. Entende-se por crença não uma religião, pois todas são boas, mas conceitos errôneos que existam em nossa vida, de cunho religioso ou não. Por exemplo, a incredulidade de o homem ter pousado na lua.

No primeiro caso, a dor e o sofrimento são oriundos do apego e acontecem pelo valor que damos a esses condicionamentos. 

Quanto maior o valor atribuído, maior a dificuldade de desapego e, consequentemente, maior o sofrimento para se libertar, surgindo daí um tempo proporcional para se readaptar, pois ninguém muda de imediato, isto é, ninguém muda seu padrão mental de uma hora para outra. Fazê-lo à força deixar-nos-ia sem referência de como agir. Necessitamos aprender a viver de uma nova maneira, melhor que a anterior, mas que também nos é desconhecida. Logo, o tempo é proporcional à dificuldade de nos desapegarmos, de conseguirmos sair de um estado mental e passar para outro, de nos readaptar.

É natural que nossa vontade mude. Basta-nos observar como mudamos os objetos de interesse entre a infância e a velhice. Em princípio, o espírito é imortal, mas não imutável.

Ele foi criado simples e ignorante, modificando-se conforme vive. Para evitar o sofrimento, é preciso alinhar nossos conceitos e aprendizados com a Verdade. Viver na Verdade é andar na retidão do bom caminho, que traz satisfação, consequência do amor no coração, o amor que doa, que pacifica, que não oprime, mas liberta. Para achar esse caminho, temos de colocar um fim na ignorância para quebrar os nossos condicionamentos, que podem se manifestar de várias formas, mas todas denotam sempre e invariavelmente os quatro alicerces do ego: o orgulho, o desejo, o apego e a sensualidade.

Insensato é aquele que não se atenta para os perigos da ilusão; 
Guiado pelo gosto do EGO;
Apegado aos sentidos inebriantes da paixão;
Caminhando, guiado pelo apego;
É aquele que caminha sem retidão;
Lutando para não amar;
Sensualizados pela ilusão do desejo;
Continuamos a seguir sem mudar.

Carlos Jordão
( Estímulo e Resposta )

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